quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Aprendendo a morrer

Não é uma confissão suicida, que fique logo claro, também não é nada original ou brilhante, sei de minhas limitações literárias, mas apenas deduções.
Todos os dias penso como estou diferente, não sou mas quem eu era, aos vinte, e sei que serei diferente do que sou quando os cinquenta me encontrar.
Acredito assim, que no nossos aniversários celebremos quem fomos, o que nos tornamos e o que seremos, sem preconceitos ou julgamentos, lembrando o que nunca mais seremos ou resgatando o que podermos ser melhores, o que nos faz falta.
Vejo a virgem, a secundarista, a civil, tantas passagens, mudanças, marcas na alma e na face, sinto como se uma morte, todos os dias ,me visitasse, deixando a pureza e as vezes a confiança pela estrada trilhada.
Vamos adquirindo algo que os humanos convencionaram a chamar de experiência. E nessas andanças vamos deixando corpos pelo meio do caminho, e nos surpreendemos quando os  identificamos como nossos.
As vezes me sinto como em um filme de ficção cientifica, é meu corpo, com meu histórico, com minhas marcas físicas e espirituais, mas, não reconheço aquela mulher, que já fofocou, que já mentiu, que já traiu e que muitas vezes foi vilã.
Procuro a menina, que acreditava em final feliz, e me surpreendo com esta estranha altruísta, capaz de abrir mão de momentos caros por outros objetivos cujo valor é imensurável. Triste ou feliz, cada morte traz um motivo, uma (in) satisfação, um querer alcançado ou não.
Reconhecer e conviver, redescobrindo valores, buscando aperfeiçoamento, sendo forte, quando a única coisa que o corpo almeja é se entregar ao completo e absoluto cansaço.
Sendo dura quando o vício obriga a pensar que o veneno é o remédio para o vazio  de escolhas insensatas.
Regredindo ou dominando o destino, morremos todos os dias, mortes dramáticas, patéticas, doloridas ou aguardadas, sempre sozinho, quando descobrimos que nem os nossos mais queridos, percebem que estão lidando com uma perfeita estranha, com uma pessoas que evoluiu ou regrediu, mas que não ficou estática.
Então amores, não vivemos a cada dia...
Morremos.

E cada minuto, cada segundo, teremos de aprender a conviver com as mortes definitivas da nossa vida e com o milagre do hoje, pois um dia seremos encontrados pela Senhora Ceifadora e não sei se confirmaremos a existência de céu ou inferno.

Nenhum comentário: