quarta-feira, 17 de março de 2010

Ego

“A mente deveria trabalhar livre, sem a influência das artimanhas do ego. E por que o ego trabalha através de artimanhas? É porque ele não quer que nossos pensamentos sejam lúcidos, pois sua lógica está baseada na fantasia e na ilusão. Desse modo, a mente passa a ser um mero apêndice de seus desejos, criando e recriando o mecanismo da escravidão da ilusão egótica. Trata-se de artimanhas porque o ego faz tudo isso de modo absolutamente sutil e engenhoso, e não percebemos que somos vítimas.
O resultado é o embotamento de nossa capacidade de reflexão, limitação do nosso potencial criativo e o desequilíbrio energético do corpo e da mente. Trata-se de um verdadeiro círculo vicioso. Passamos a ver a vida a partir de uma ótica individualista, onde a presença do outro é sinônimo de ameaça. Essa lógica perversa embasa toda uma ideologia voltada para o egoísmo dos interesses pessoais, inviabilizando qualquer tentativa de equanimidade nas relações humanas. Essa é a verdadeira razão do caos social, econômico e existencial a que estamos submetidos, pois a exacerbação do ego impede o exercício de estados superiores de consciência.
Há cinco mil anos, o homem vem tentando encontrar as respostas para algumas perguntas essenciais sobre a sua verdadeira condição. Quem sou? De onde venho? Para onde vou? Qual o meu papel aqui? Mas infelizmente as respostas ainda não são satisfatórias. Enquanto continuarmos a ver a vida pela ótica do pensamento egocêntrico, não nos será dada a chance de conhecer a verdadeira essência da vida.
O ego não é nosso inimigo, mas é nosso algoz. E isso ocorre porque continuamos aprisionados ao medo da libertação do jugo da ignorância a que Platão se referia no Mito da Caverna. Sair da escuridão da ignorância existencial é transformar o ego em aliado, fazendo-o trabalhar a nosso favor e não contra nós.”

Autor: José Diney Matos Fonte: Artimanhas do ego







"Com alívio, com humilhação, com terror, compreendeu que também ele era uma aparência, que outro o estava sonhando" (Borges, As Ruínas Circulares)

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